Saúde Mental



Saúde Mental


A saúde mental é definida pela OMS como “o estado de bem-estar no qual o indivíduo realiza as suas capacidades, pode fazer face ao stress normal da vida, trabalhar de forma produtiva e frutífera e contribuir para a comunidade em que se insere” (OMS, 2001).

A saúde mental pode ser promovida através de programas adequados, da melhoria das condições sociais e da prevenção do stress entre outros fatores, e da luta contra o estigma.

Deficiência mental e Doença Mental não são a mesma coisa. É importante distinguirmos cada uma delas.

É muito comum a confusão entre deficiência e doença mental, que impede que tenhamos uma visão correta das necessidades e das formas de tratamento adequadas a cada situação.

A deficiência mental não é, em si mesma, uma doença, embora possa resultar de uma afeção orgânica ou uma alteração genética, que ocorre à nascença ou na infância. Está definida na ICD10 (International Classification of Diseases) como uma condição interrompida ou incompleta do desenvolvimento da mente, caracterizada por limitações das capacidades cognitivas durante o período de desenvolvimento, do que resultam dois aspetos:

- Funcionamento intelectual abaixo da média;

- Incapacidade de adaptação às exigências culturais da sociedade.

Embora seja possível aumentar as competências da pessoa com deficiência mental através da aprendizagem e da reabilitação, nunca será possível atingir um funcionamento intelectual e social completo.

A doença mental é mais complexa e difícil de definir porque abrange um leque alargado de perturbações que afetam o funcionamento e o comportamento emocional, social e intelectual, mais por desadequação ou distorção do que por falta ou deficiência das capacidades anteriores à doença. As doenças mentais manifestam-se em determinado momento ao longo da vida, antes do qual não existem alterações ou perda de capacidades.

Foi divulgado em 2001 pela Organização Mundial de Saúde a seguinte definição: “A perturbação mental caracteriza-se por alterações do modo de pensar e das emoções, ou por desadequação ou deterioração do funcionamento psicológico e social. Resulta de fatores biológicos, psicológicos e sociais.” (Relatório Mundial da Saúde 2001).

Logo, na doença mental não existe uma insuficiência mas uma alteração, com diversos graus de gravidade, que pode ser tratada, em muitos casos curada, podendo ser aguda ou crónica (de curta ou de longa evolução). Caso se verifique uma deterioração das capacidades ela é um resultado da doença e não uma condição inicial.


Psicomotricidade e a Saúde Mental


Na área da saúde mental, a psicomotricidade tem um caráter preventivo e terapêutico e dirige-se a inúmeras perturbações psicopatológicas, tais como:

- Transtornos da ansiedade (fobias, crises de pânico, obsessão-compulsão);

- Transtornos do humor (depressão);

- Transtornos do comportamento alimentar (anorexia, bulimia);

- Transtornos somatoformes (hipocondria, somatização)

- Transtornos psicomotores específicos (dificuldades no equilíbrio, coordenação);

- Transtornos do esquema e imagem corporal.

No caso específico do idoso, a psicomotricidade intervém ainda em pessoas com síndromes demenciais e outras doenças neuro-degenerativas e, em patologias associadas à ocorrência de acidentes vasculares cerebrais e mais.

A Psicomotricidade utiliza um conjunto de técnicas psicomotoras expressivas e de relaxação, conjunto este que não é visto como receita única e infalível, mas sim como base de intervenção suscetível de mudança e adaptação às características de cada indivíduo.

Após uma primeira avaliação, é estabelecido o plano terapêutico, onde se delineiam os objetivos, como também as estratégias e formas de intervenção. A avaliação é baseada em observações iniciais e subsequentes, que vão acrescentando novos dados e informações ao plano terapêutico. Nestas observações são avaliados os seguintes aspetos:

- Tonicidade / Rigidez postural;

- Paratonias;

- Sincinésias (bocais, contralaterais, tiques);

- Discurso verbal (ritmo, tom, segurança, fluência);

- Controlo do olhar (evitando o confronto);

- Expressão facial;

- Consciência corporal e imagem corporal através do desenho do corpo (projeção da imagem corporal na folha e caracterização escrita de três aspetos positivos e negativos em relação a si próprio);

- Escalas de caracterização adequadas do perfil psicopatológico e sintomatologia somática.

Na primeira sessão de psicomotricidade é realizada uma entrevista informal ao indivíduo, onde se poderão recolher dados observáveis relativos ao discurso, ao olhar, à postura e mímica, assim como dados relativos à sua história pessoal e familiar. São colocadas ao longo da entrevista questões relativas ao corpo e como é que este é percebido pelo sujeito.

As técnicas utilizadas ao longo da intervenção variam consoante as características individuais de cada sujeito, tendo em conta o plano terapêutico e objetivos estabelecidos.

Não faz sentido numa intervenção em Psicomotricidade utilizar uma única técnica de relaxação ou expressiva, quando o objetivo não é meramente descontrair, nem aprender a relaxar.

As técnicas são dirigidas com o cuidado intuitivo de avaliar as contribuições positivas para a obtenção de uma melhor perceção corporal, assim como o estabelecimento da relação entre emoções e corpo.

Estas técnicas são incluídas ao longo das sessões de Psicomotricidade dependendo das características do indivíduo, não sendo no entanto utilizadas de forma pragmatizada e rígida, ou seja, em Psicomotricidade o que interessa não é utilizar uma técnica única em tempo indeterminado, mas sim combinar conceitos inerentes de cada técnica em consonância com os objetivos terapêuticos estabelecidos para cada indivíduo.

A intervenção Psicomotora em Psiquiatria (dirigida a adultos), tem uma periodicidade semanal, uma hora por semana. Poderá ser realizada em grupo ou individualmente, dependendo dos objetivos terapêuticos e do próprio sujeito.