Dificuldades de Aprendizagem Específicas

Disortografia, Disgrafia, Discalculia e Dislexia 

Estas perturbações estão incluídas nas dificuldades de aprendizagem específicas

 

Dificuldades de Aprendizagem Específicas

 

Disortografia

 

A disortografia é mais uma perturbação que encaixa no grande tema das dificuldades de aprendizagem. Especificamente a disortografia é "o conjunto de erros de escrita que afetam a palavra mas não o seu traçado ou grafia". 

 

Quais são os requisitos que uma criança deverá possuir para uma aprendizagem correta da leitura e da ortografia? E quais são as áreas implicadas? 

 

Áreas implicadas

Capacidades específicas/requisitos

Área motora

Lateralidade adequada

Motricidade dinâmica manual

Área percetiva – auditiva, visual

e espácio – temporal

 

Discriminação auditiva

Integração auditiva

Memória auditiva

Discriminação figura-fundo

Constância da forma

Memória visual

Estruturação e orientação no espaço

Estruturação temporal e rítmica

Área do pensamento lógico

Operações lógico – concretas

Operações de inclusão

Operações de seriação

Área linguística

Morfossintaxe

Semântica

Vocabulário do sujeito

Área afetiva – emocional

Adaptação escolar

Controlo emocional

Desejo de aprender

 

 

 

 

Causas da Disortografia

 

Tendo em conta os requisitos necessários para levar a cabo um processo ortográfico correto podemos citar as seguintes causas:

- Causas de tipo percetivo: Deficiências na perceção e na memória visual e auditiva - Deficiências a nível espácio – temporal;

- Causas do tipo intelectual: Défice ou imaturidade intelectual;

- Causas de tipo linguístico: Problemas de linguagem - Deficiente conhecimento e utilização do vocabulário;

- Causas de tipo afetivo – emocional - Baixo nível de motivação

- Causas de tipo pedagógico

 

Características da disortografia

 

A disortografia implica uma série de erros sistemáticos e reiterados na escrita e na ortografia, que podem provocar a total ininteligibilidade dos textos. Logo, podemos encontrar vários tipos de erros, tais como:

- Erros de carácter linguístico - percetivo: Substituição de fonemas vocálicos ou consonânticos afins pelo ponto ou modo de articulação;

- Omissões

- Adições

- Inversões de sons por incapacidade de seguir a sequência dos fonemas 

 

- Erros de carácter visuoespacial: Substituição de letras que se diferenciam pela sua posição no espaço;

- Substituição de letras semelhantes nas suas características visuais

- Escrita de palavras ou frases em espelho 

- Confusão em palavras com fonemas que admitem dupla grafia

- Confusão em palavras com fonemas que admitem duas grafias, em função das vogais

- Omissão da letra "h" por não ter correspondência fonética 

 

- Erros de carácter visuoanalítico: Dificuldade em fazer síntese e a associação entre fonema e grafema;

 

- Erros relativos ao conteúdo: Dificuldades em separar sequências gráficas pertencentes a dada sequência fónica, respeitando os espaços em branco;

 

- Erros referentes às regras de ortografia;

- Não colocar "m" antes de "p" e "b"

- Infringir regras de pontuação

- Não respeitar as maiúsculas depois do ponto ou no início do texto

- Não hifenizar nas mudanças de linha. 

 

De acordo com Lúria, existem sete tipos de disortografia distintos, que poderão ser pesquisados em estudos específicos sobre disortografia e que não cabe nesta abordagem.

 

Em relação à avaliação da disortografia, esta é realizada através de várias provas com critérios muito pormenorizados que só profissionais da saúde as podem utilizar e revelar os resultados. 

 

Intervenção na disortografia 

 

Existem várias técnicas e atividades recomendadas na intervenção de crianças com disortografia:

- Inventários cacográficos 

- Ficheiro cacográfico

- Atividades de perceção, discriminação e memória auditiva

- Atividades de perceção, discriminação e memória visual

- Atividades de organização e estruturação espacial

- Atividades de perceção linguístico - auditiva

- Atividades de léxico e vocabulário

- Atividades de intervenção específica sobre os erros ortográficos

 

É de fundamental importância o acompanhamento da criança ou jovem por parte de uma equipa multidisciplinar e especificamente contemplar um técnico de psicomotricidade.

 

 

Disgrafia

 

Disgrafia trata-se de perturbações da escrita que surgem em crianças, e que não correspondem a lesões cerebrais ou problemas sensoriais, mas a perturbações funcionais. Esta perturbação afeta a qualidade da escrita do sujeito, no que se refere ao traçado ou à grafia.

 

O ato da escrita não é uma tarefa fácil e este gesto necessita de pré-requisitos para ser bem concretizado, por isso, para uma correta execução caligráfica, a criança deverá ser capaz de:

 

- Encontrar o seu próprio equilíbrio postural e a forma menos tensa e cansativa de segurar o lápis;

- Orientar o espaço sobre o qual tem de escrever, e a linha sobre a qual vai colocar as letras (da esquerda para a direita);

- Associar a imagem da letra ao som e aos gestos rítmicos que lhe correspondem.

 

Causas da disgrafia

 

As causas mais habituais da disgrafia são causas motoras, no entanto existem outros fatores etiológicos:

 

- Causas de tipo maturativo: perturbações da lateralidade; perturbações da eficiência psicomotora. 

- Causas caracteriais: fatores de personalidade; fatores psicoafectivos.

- Causas pedagógicas: orientação deficiente do processo de aquisição de destrezas motoras; ensino rígido e inflexível

 

Características disgráficas 

 

A criança com disgrafia apresenta uma série de sinais ou manifestações secundárias de tipo global que acompanham o seu grafismo defeituoso. As mais frequentes são as seguintes:

 

- Postura gráfica incorreta;

- Forma incorreta de segurar o instrumento com que escreve;

- Alterações na preensão e na pressão;

- Ritmo de escrita demasiado lento ou excessivamente rápido.

 

A avaliação da disgrafia é realizada através de várias provas formais além de uma avaliação informal realizada por profissionais da saúde. É importante o testemunho dos pais, professores e todas aquelas pessoas que lidam diariamente com a criança. 

 

Intervenção na disgrafia 

 

A Psicomotricidade na intervenção de uma criança com disgrafia pode ser abordada da seguinte forma:

 

- Reeducação psicomotora de base aborda: relaxamento global e segmentar; coordenação dinâmica geral; esquema corporal; controlo postural e equilíbrio; lateralidade; organização espácio - temporal.

- Reeducação psicomotora diferenciada aborda: controlo segmentar; coordenação dinâmica das mãos.

- Reeducação visuomotora aborda: coordenação óculo - manual.

- Reeducação do grafismo aborda: reeducação grafo motora preparatória; correção de erros específicos do grafismo (referentes a forma, tamanho, inclinação, espaçamento e ligações).

 

Discalculia

É um distúrbio de aprendizagem que interfere negativamente com as competências de matemática de alunos que, noutros aspetos, são normais. Assim, trata-se de uma desordem neurológica específica que afeta a habilidade de uma pessoa compreender e manipular números.

De acordo com vários indicadores estatísticos, grande parte dos alunos revelam problemas na aprendizagem desta disciplina. Muitos deles não compreendem os enunciados dos problemas, outros demoram muito tempo a perceber se precisam de somar/dividir/multiplicar e alguns não conseguem concluir uma operação aparentemente simples.

 

Causas da Discalculia

Não existe uma causa única e simples que possa justificar o aparecimento da discalculia. Os estudos realizados nesta área são recentes e as conclusões não podem ser generalizadas. No entanto, têm sido feitas investigações em vários domínios, como a neurologia, a linguística, a psicologia, a genética e a pedagogia.

 

Existem três graus de imaturidade neurológica que permitem a definição de graus de discalculia correspondentes: grau leve, quando a criança com discalculia reage favoravelmente à intervenção terapêutica; grau médio, que coexiste com o quadro da maioria dos que apresentam dificuldades específicas em matemática e grau limite, quando se verifica a existência de uma lesão neurológica gerada por traumatismos que provocam um défice intelectual.

Na área da linguística o aluno apresenta deficiente elaboração do pensamento, apresentam dificuldades na resolução de problemas, mais especificamente na correspondência número-quantidade, assim como na sua representação gráfica.

No âmbito da psicologia, os estudos apontam que os indivíduos que apresentam alterações psíquicas estão mais predispostos a apresentar problemas de aprendizagem, pois os aspetos emocionais interferem no controlo de funções específicas, como a memória, a atenção e a perceção.

Os estudos do foro da genética apontam para a determinação de um gene responsável pela transmissão dos transtornos ao nível dos cálculos. Embora existam registos significativos de antecedentes familiares de crianças com discalculia que também apresentam dificuldades na matemática, Embora os estudos acerca da hereditariedade e da genética necessitam ainda de mais investigações e confirmação.

Relativamente a pedagogia os estudos apontam a discalculia como uma dificuldade diretamente relacionada com o que acontece no processo de aprendizagem, como métodos de ensino desadequados, inadaptação à escola, entre muitos outros.

 

Características da Discalculia

Os alunos com discalculia apresentam, em testes de inteligência, desempenhos superiores nas funções verbais comparativamente às funções não-verbais.

 

Normalmente são alunos que revelam um ritmo de trabalho muito lento, moroso, tendo, muitas vezes, de usar os dedos ou objetos para contar. São ansiosos, desmotivados e têm receio de fracassar.

As pessoas com discalculia apresentam dificuldades a vários níveis:

·         Ao nível da compreensão e memorização de conceitos matemáticos, regras e/ou fórmulas;

·         Ao nível sequenciação de números, antecessor e sucessor, ou em dizer qual de dois é o maior ou menor;

·         Ao nível da diferenciação de esquerda/direita e de direções (norte, sul, este, oeste);

·         Ao nível da compreensão de unidades de medida;

·         Em tarefas que impliquem a passagem de tempo (ver as horas em relógios analógicos);

·         Em tarefas que implicam lidar com dinheiro;

·         Resolução de operações matemáticas através de um problema proposto;

·         Ao nível da Conservação de quantidades;

·         Utilização do compasso ou até mesmo da calculadora (reconhecimento dos dígitos e símbolos matemáticos).

Estas dificuldades podem conduzir, em casos extremos, a uma fobia à matemática.

 

Intervenção na Discalculia

A matemática é uma disciplina fundamental para o dia-a-dia, uma vez que se lida com números e realizam-se cálculos em inúmeras situações do quotidiano. Assim, o aspeto principal a ter em conta na intervenção com um aluno com discalculia é fazê-lo perceber a importância desta disciplina na sua vida.

 

Os educadores, professores e técnicos devem, sempre que possível, planear atividades que facilitem o sucesso do aluno e que o ajudem a melhorar o seu autoconceito e a sua autoestima, evitando o insucesso. Pode, por exemplo, recorrer à utilização de jogos e outros materiais concretos que promovam a manipulação por parte do aluno.

O diagnóstico de discalculia é sempre uma descrição do período de desenvolvimento atual, aplicável por um período máximo de um ano. Como a criança está em constante desenvolvimento, as dificuldades que existem no ano anterior podem ser minimizadas no ano seguinte e assim sucessivamente. Se o aluno receber a intervenção adequada e atempadamente, as possibilidades de desenvolvimento das capacidades e habilidades matemáticas serão maiores. Entretanto, algumas destas dificuldades permanecem de uma forma ligeira por toda a sua vida.

A Psicomotricidade poderá intervir de forma positiva na problemática da discalculia, nomeadamente nas áreas que interferem diretamente neste transtorno, tais como:

Perceção, estruturação espácio-temporal, lateralidade, aquisição de conceitos e habilidades matemáticas, ritmo…

 

Dislexia

Trata-se de uma dificuldade duradoura que surge em crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação sensorial e psíquica já existente.

A dislexia é caracterizada por dificuldades na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam caracteristicamente de um défice na componente fonológica da linguagem que é frequentemente imprevisto em relação a outras capacidades cognitivas e às condições educativas.

A Dislexia é de origem neurobiológica e afeta a aprendizagem e a utilização instrumental da leitura, resultante de problemas ao nível da consciência fonológica, independentemente do quociente de inteligência (QI) dos indivíduos

A dislexia não está associada a um baixo nível intelectual, pelo contrário, um disléxico pode revelar padrões acima da média, para a sua faixa etária, noutras áreas que não a leitura.

 

Causas da Dislexia

Ainda não existe consenso quanto o reconhecimento de uma causa exclusiva para a dislexia. Alguns autores afirmam que se trata de uma perturbação de causas múltiplas.

No âmbito da genética, há quem defenda tratar-se de um problema hereditário, fundamentando com a afirmação em estudos que revelam que os disléxicos apresentam, pelo menos, um familiar próximo com dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita.

Ainda neste sentido, outros investigadores apontam como causa do problema as mutações de alguns cromossomas, nomeadamente nos cromossomas 6 e 15 e, mais recentemente, no cromossoma 2.  

Subsistem ainda estudos que afirmam que a dislexia é encontrada mais comumente em indivíduos do sexo masculino, mas, advertem que estas conclusões estão relacionadas com a forma como são identificados: geralmente as raparigas (pelo seu comportamento mais calmo e sossegado) passam mais despercebidas e, consequentemente, não são tão facilmente identificadas.

Relativamente a neurobiologia também têm surgido algumas afirmações. Sabemos que as diferentes partes do cérebro desempenham funções específicas como a área esquerda do cérebro é responsável pela linguagem, nesta região, foram identificadas três subáreas distintas: uma delas processa fonemas – vocalização e articulação das palavras (região inferior frontal), outra analisa palavras – correspondência grafema-fonema (região parietal-temporal) e a terceira reconhece palavras e possibilita a leitura rápida e automática (região occipital-temporal). As pessoas com dislexia parecem ter dificuldade em aceder às áreas localizadas na parte posterior do cérebro, ou seja, às regiões responsáveis pela análise de palavras e pela automatização da leitura, recorrendo mais à área de broca (área frontal inferior esquerda) e a outras regiões do lado direito do cérebro que fornecem pistas visuais.

Na área da psicolinguística mostra que as crianças que mostram altos índices de eficiência na linguagem oral em idades precoces apresentam maior probabilidade de se tornarem bons leitores. Quando se compararam maus leitores com leitores normais verificou-se que os primeiros apresentam piores desempenhos em tarefas que impliquem a produção, perceção, compreensão e segmentação da linguagem e também memória linguística, entretanto, foi também evidenciado que o treino de habilidades de análise da linguagem tem um efeito positivo no rendimento do leitor.

 

Caraterização da Dislexia

Geralmente nos testes de inteligência, um aluno com dislexia apresenta desempenhos superiores nas funções não-verbais, comparativamente às funções verbais.

Estes alunos demonstram, ainda, insegurança e baixa autoestima, culpabilizando-se e sentindo-se, muitas vezes, tristes. Muitas destas crianças recusam-se a realizar atividades ligadas à leitura com medo de revelarem os erros que cometem. Estes alunos podem apresentar algumas ou várias das seguintes caraterísticas:

 

- Expressão Oral:

·         Revelam dificuldade em selecionar as palavras adequadas para comunicar, seja ao nível oral ou escrito;

·         Apresentam pobreza de vocabulário;

·         Formam frases curtas e simples e têm dificuldade na articulação de ideias;

- Leitura e Escrita

·         Realizam uma soletração defeituosa, leem palavra por palavra, sílaba a sílaba, ou reconhecem letras isoladamente sem conseguir ler;

·         Em leitura silenciosa, murmuram ou movimentam os lábios;

·         Perdem-se na linha de leitura;

·         Revelam problemas de compreensão e interpretação de textos;

·         Apresentam dificuldades ao nível da consciência fonológica, ou seja, na tomada de consciência de que as palavras faladas e escritas são constituídas por fonemas;

·         Tendem a confundir, inverter, substituir letras, sílabas ou palavras;

·         Em composições mostram graves complicações, dificuldades na composição e organização de ideias.

 

Outras Competências

Revelam dificuldades em guardar e resgatar nomes, palavras, objetos, sequências ou fatos passados: letras do alfabeto, dias da semana, meses do ano, datas, horários;

Normalmente não conseguem orientar-se no espaço, sendo incapazes de distinguir, por exemplo, a direita da esquerda (o que dificulta a orientação com mapas…);

Apresentam dificuldades nas disciplinas de História (em captar as sequências temporais), de Geografia (no estabelecimento de coordenadas) e Geometria (nas relações espaciais);

Manifestam dificuldade na aprendizagem de uma segunda língua;

Revelam falta de destreza manual e, por vezes, caligrafia ilegível;

Poderão ter dificuldades com a matemática, sobretudo na assimilação de símbolos e em decorar a tabuada.

Desta forma, a dislexia poderá estar também associada a cada uma das outras dificuldades específicas (Disortografia, Disgrafia e/ou Discalculia); existem estudos que analisam a dislexia e a disortografia em conjunto, pois um aluno com dificuldades ao nível da leitura vai certamente revelar também problemas ao nível da escrita.

 

Intervenção em Dislexia

É sempre tempo e nunca será tarde demais para ensinar crianças com dislexia a ler e a processar informações com mais eficiência. Certamente, não existe um procedimento padrão adequado a todas as crianças com dislexia, pelo que o recurso a uma intervenção individualizada deverá ser a preocupação principal do interveniente.

É de fundamental importância lembrar que crianças com dislexia apresentam um ritmo de trabalho mais lento, por isso não é de se espantar que num dia consiga ler duas ou três frases e no dia seguinte apresente grandes dificuldades na leitura de uma palavra. Devemos dar tempo ao tempo e, acima de tudo, motivá-la e reforçá-la sempre. Devemos lembrar que a leitura lhe exige um esforço enorme e se ela não faz melhor é porque não consegue e não porque não quer ou porque é preguiçosa. Quando errar, deve ser corrigida imediatamente e deve ser explicado o motivo do erro e como evitar repeti-lo. Devemos evitar-se, ainda, obrigar a criança a ler em voz alta em frente dos colegas, a menos que, ela mostre vontade de o fazer.

No seu ambiente de estudos, ou seja, na sala de aula, o aluno deve estar sentado numa secretária próxima do professor, para que este possa auxiliá-lo sempre que seja necessário e para que ele posa se sentir mais seguro e confiante quando pretender tirar alguma dúvida. Devem, ainda, reduzir-se possíveis focos de distratibilidade.

No processo de avaliação, devem ser evitadas questões extensas e complexas, pois o aluno poderá demorar mais tempo a tentar entender a pergunta do que a dar a resposta. Pode, por exemplo, ler as perguntas ou pedir auxílio ao professor de ensino especial e/ou a um colega de turma, para que o aluno compreenda o que é solicitado.

Neste sentido, propõe-se o recurso aos pares ou a tutoria entre alunos de diferentes idades. Deste modo, o aluno com dislexia recebe o auxílio de que pode necessitar quando o professor não está disponível para um ensino individualizado e os alunos apreciam o processo de aprendizagem quando interagem com outros alunos da sala de aula ou de outras salas de aula. Esta poderá ser uma forma de promover um bom relacionamento do aluno com os colegas.

Na intervenção com crianças e jovens com dislexia o recurso a uma terapia multissensorial, ou seja, aprender pelo uso de todos os sentidos, será de fundamental importância e também uma ajuda preciosa. Os métodos multissensoriais são métodos que agrupam e combinam a visão, a audição, o tato e mais, para ajudá-los a ler e a soletrar corretamente as palavras. Assim, eles começam por observar o grafema escrito, de seguida escreve-se no ar com o dedo, escutando e articulando a sua pronúncia, posteriormente, podem moldá-lo em plasticina e de olhos fechados podem tocá-lo e reconhecê-lo através do tato. A realização deste tipo de atividades favorece por isso a formação de imagens visuais, auditivas, cinestésicas, tácteis e articulatórias que, juntos, incidem na globalização, generalização e automatização do processo de leitura e escrita por parte dos alunos.

Na sua maioria, diria mesmo na sua totalidade, os estudos aconselham, ainda, o treino psicomotor (esquema corporal, lateralidade, orientação espácio-temporal), percetivo-motor (capacidades viso-motoras e coordenação manual) e também psicolinguístico (descodificação auditiva, visual, expressão verbal, entre outros).

É importante referir ainda, a necessidade de articulação entre todas as pessoas que intervêm junto dos alunos com dislexia. A família deve esta disponível para partilhar informações com os professores e técnicos, assim como devem tentar saber como podem ajudar e apoiar o seu educando. É de fundamental importância que pais, professores, educadores, terapeutas, estejam em constante comunicação, só assim se garantirá o rigor e qualidade do trabalho efetuado. Devemos estar atentos para a necessidade de atividades diversificadas que envolvam tanto a expressão corporal como a expressão plástica. Só aprendemos vivenciando, experienciando, experimentando, por isso devemos fazer para aprender bem, é essencial estar envolvido.

 

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