Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atanção



Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção


A hiperatividade e défice de atenção é um problema normalmente visto em crianças e centra-se nos sintomas de desatenção (pessoa muito distraída) e hiperatividade (pessoa muito ativa, por vezes agitada, muito além do comum). Estes aspectos também são comumente encontrados em pessoas sem o problema, mas para haver o diagnóstico desse transtorno é preciso que a falta de atenção e a hiperatividade interferiram significativamente na vida e no desenvolvimento normais da criança, adolescente ou do adulto.

De acordo com Nuno Lobo Antunes, a Hiperatividade/défice de atenção é um problema biológico, diagnosticado apenas pelo comportamento. Na verdade, a pessoa afetada dá atenção a tudo que se mexe. O autor alerta que muitos dos alunos etiquetados como tendo défice de atenção não têm qualquer problema, tratando-se apenas de manifestações de vitalidade ou desejo de chamar a atenção dos outros.

Para existir um diagnóstico de défice de atenção não pode haver outra explicação e tem de provocar sofrimento e incapacidade. A hiperatividade atinge, sobretudo, os rapazes (cerca de 75 a 80%). Para Nuno Lobo Antunes, as raparigas são apenas desatentas e, por isso, são mais difíceis de diagnosticar que os rapazes, muito mais irrequietos. Metade das pessoas com hiperatividade têm perturbações do sono. Muitas vezes, a hiperatividade cessa aquando da passagem da infância para a adolescência. No entanto, metade dos hiperativos continuam com o problema mesmo na idade adulta.

Existe  uma contribuição genética para este problema, ou seja, os pais com hiperatividade têm 50% de probabilidade de terem um filho hiperativo.

Existe também uma razão biológica para o défice de atenção: os níveis de dopamina (neurotransmissor) nestas crianças e jovens é mais baixo que o normal e, por isso, podem ser medicados no sentido de repor esses níveis. Existe um grupo de medicamentos com excelentes resultados (psicostimulantes). Com a administração criteriosa destes medicamentos, consegue-se resultados positivos de até 80% das crianças e jovens com melhorias significativas, observadas pelos familiares e pelos professores. 

Os medicamentos não curam a hiperatividade, mas contribuem para minorar o sofrimento das crianças e jovens, que se sentem culpadas por não corresponderem as espectativas dos pais e dos professores. No entanto, não curam os problemas de oposição. Para tal, será, igualmente necessário recorrer à terapia comportamental. 


Quais são os sintomas da pessoa com desatenção?


Nem todas as pessoas que tem disatenção tem transtorno de défice de atenção, para ser considerado transtorno tem que ter a maioria dos seguintes sintomas ocorrendo a maior parte do tempo em suas atividades diárias:

- Constantemente deixa de prestar atenção a detalhes ou comete erros por descuido em atividades escolares, de trabalho ou outras;

- Frequentemente tem dificuldades para manter a atenção em tarefas ou atividades recreativas;

- Normalmente não segue instruções e não termina seus deveres escolares, tarefas domésticas ou deveres profissionais, não chegando ao final das tarefas;

- Frequentemente tem dificuldade na organização de suas tarefas e atividades;

- Com frequência evita, antipatiza ou reluta em envolver-se em tarefas que exijam esforço mental constante (como tarefas escolares ou deveres de casa);

- Constantemente perde coisas necessárias para tarefas ou atividades;

- Facilmente distrai-se por estímulos alheios à tarefa principal que está executando


Quais são os sintomas da pessoa com hiperatividade?


Uma pessoa pode apresentar o transtorno de hiperatividade quando a maioria dos seguintes sintomas torna-se uma ocorrência constante em sua vida:

- Frequentemente agita as mãos ou os pés ou se remexe na cadeira;

- Com frequência abandona sua cadeira e anda pelo espaço;

- Normalmente corre ou escala em demasia, em situações nas quais isso é inapropriado (em adolescentes e adultos, isso pode não ocorrer, mas a pessoa deixa nos outros uma sensação de constante inquietação);

- Constantemente tem dificuldade para brincar ou se envolver silenciosamente em atividades de lazer;

- Normalmente está "a mil por hora" ou muitas vezes age como se estivesse "a todo o vapor";

- Frequentemente fala em demasia;

- Com frequência dá respostas precipitadas antes de as perguntas terem sido completadas;

- Normalmente tem dificuldade para aguardar sua vez;

- Constantemente interrompe ou se mete em assuntos de outros (por exemplo, intrometendo-se em conversas ou brincadeiras de colegas).


Importância de tratamento médico para os portadores do transtorno.


São inúmeros os motivos que apontam ser de grande importância médica fazer o diagnóstico e se tratar a criança, jovem ou o adulto com o transtorno de défice de atenção e hiperatividade.

É de fundamental importancia o tratamento para que a criança não cresça estigmatizada como o "terror da turma e dos professores"; para que a criança não fique durante anos com o desenvolvimento prejudicado na escola e na sua vida social, atrasado em relação aos outros colegas numa sociedade cada vez mais competitiva; para se tentar minimizar conseqüências futuras do problema, como a propensão ao uso de drogas (o que é relativamente freqüente em adolescentes e adultos com o problema), transtorno do humor (depressão) e transtorno de conduta.


A Psicomotricidade e as Perturbações de Hiperatividade e Défice de Atenção


A psicomotricidade nas PHDA (Perturbações de Hiperatividade e Défice de Atenção) surge como uma hipótese de intervenção e como recurso à psicoterapia individual e/ou suporte farmacológico. Em alguns casos, estes recursos podem ser conjugados com um apoio centrado na dinâmica familiar.

As práticas psicomotoras em crianças com PHDA, tem como finalidade aumentar progressivamente o tempo de concentração e de atenção na tarefa; desenvolver as capacidades de autocontrolo, de modo a diminuir a impulsividade, reduzir a hiperatividade, atenuando os comportamentos incompatíveis; melhorar significativamente as habilidades sociais e promover a compreensão e a expressão da comunicação não-verbal.

A intervenção psicomotora em crianças com PHDA deverá promover atividades tendo em linha de conta um conjunto de orientações:

- Devemos direcionar a atividade, deixando a criança jogar livremente, de acordo com os seus  interesses e as suas capacidades, levando-a progressivamente a respeitar determinadas regras e orientações e adequar o seu corpo a limites espácio-temporais determinados;

- Devemos fazer com que a criança despenda energia de forma a diminuir a sua necessidade de movimento e prepará-la para atividades com maior nível de concentração;

- Devemos melhorar o autocontrolo e o autoconhecimento da criança. Podemos estimular com jogos de desinibição para melhorar o autocontrolo, quando esta esteja mais calma e evoluindo sempre das situações mais dinâmicas para situações que exijam maior imobilidade. Para o desenvolvimento do autoconhecimento podemos utilizar atividades de coordenação motora e de equilíbrio, que envolvam também a consciencialização dos limites corporais e das possibilidades de ação no espaço;

- Devemos desenvolver tarefas/atividades para aumentar a concentração e melhorar a memória atividades estas que apelam à manutenção da vigilância e em situações que envolvam planificação, verificação, sequencialização e a implicação de consciencialização.